‘Nós precisamos ganhar dinheiro desse futebol’: Cezário inventava projetos para desviar verba pública

MIDIAMAX


Foto Divulgação

Interceptações telefônicas feitas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) revelaram como Francisco Cezário de Oliveira, presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), arquitetava formas de desviar milhões em recursos públicos da entidade – que recebeu mais de R$ 15 milhões do Governo do Estado e CBF nos últimos anos.

Em conversa com um homem identificado como Romeu (Gaeco não confirmou se seria um dos vice-presidentes da entidade), os dois bolam artimanhas para embolsar o dinheiro da FFMS.

“Nós não temos um jeito de inventar um projeto pra nós ganhar dinheiro cara, um projeto ali por exemplo (n/c) ali no interior de SÃO PAULO tem um projeto da, das, dos times de futebol das prefeituras, não sei se você conhece esse projeto o ADACHITO uma vez trabalhou nele, você lembra ou não?”, questiona Romeu.

Então, Cezário responde: “Entende, Romeu? Eu estava pensando… vamos. Tá louco, rapaz, nós precisamos ganhar dinheiro desse futebol”.

Logo, para o Gaeco, o diálogo “denota que a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul era utilizada para receber vantagens indevidas, com o desvio de verbas públicas”.

As transcrições foram citadas pelo juiz Eduardo Eugênio Siravegna Junior, da 2ª Vara Criminal, para justificar o pedido de prisão preventiva do grupo de Cezário, no contexto da Operação Cartão Vermelho.

Outro ponto que ficou claro nas investigações é o fato de que o grupo de Cezário atuava em conjunto para também receber montantes ilícitos. Trecho de relatório do Gaeco aponta que conversa entre Umberto Alves Pereira, sobrinho de Cezário que fazia o financeiro da entidade, com Rudson Bangarim Barbosa, gerente de TI da federação, evidencia que a federação atuava de forma apenas para beneficiar o grupo, com projetos que tinham como finalidade desviar dinheiro.

“Se ele falar Cezário, eu tenho 500 mil no ano, você pega três projetos. O sub, porque, na realidade, o dinheiro é para ele e não é para o campeonato, não é verdade?”


Prestação de contas ‘maquiada’
Dessa forma, para encobrir os valores desviados, o grupo de Cezário combinavam formas de ‘maquiar’ a prestação de contas encaminhadas à CBF: “não não, faz assim ve se você acha, eu tenho o valor aqui, vamo dar uma maquiada e mandar risos a mais ce tem, num tem, da pra dar uma maquiada e mandar pra ele? n/c mandar, colocar o valor ai?“



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